A Última Carta da Casa 11: O Mistério que Ninguém Quis Ler

Em toda cidade há uma rua que as pessoas evitam. Em Vilarejo das Broas, essa rua era a Rua do Fim. E no final dela, isolada, coberta por heras secas e sempre com uma janela entreaberta, ficava a Casa 11.

Era uma construção simples, de madeira escurecida pelo tempo. Mas havia algo naquela casa que fazia o vento soprar diferente quando se passava por ela. As janelas rangiam mesmo sem brisa. O cheiro de papel antigo escapava pelas frestas. E no portão, enferrujado, ainda estava o número gravado em latão: 11

A Casa Que Não Aceitava Moradores

A Casa 13 era conhecida por não manter inquilinos. Qualquer pessoa que tentasse viver ali partia em menos de uma semana. Às vezes no meio da noite. Às vezes sem levar nada. Às vezes… sem dizer palavra alguma.

Os relatos eram sempre vagos. Portas que batiam sozinhas. Sussurros vindos do porão. Uma presença invisível no último quarto do corredor. E, principalmente, cartas.

Cada novo morador encontrava uma carta sobre a mesa da cozinha na manhã seguinte à mudança. Sem remetente, com letras cursivas antigas, escritas com tinta escura. E todas terminavam com a mesma frase:

“Leia até o fim. E saiba que agora você também foi escolhido.”

A Mulher que Decidiu Ficar

Em 2008, uma bibliotecária chamada Elisa Freire decidiu comprar a Casa 11. Recém-viúva, procurava silêncio e afastamento do mundo. Quando lhe contaram a fama da casa, ela riu.

— Casas não escrevem cartas — disse.

Ela se mudou numa sexta-feira. No sábado, encontrou a primeira carta.

Era longa. Contava a história de uma jovem chamada Clarice que morara ali no início do século XX. Falava sobre a solidão, sobre vozes que só ela ouvia. Sobre cartas que apareciam sem serem escritas. Clarice dizia estar se tornando parte da casa. Literalmente.

Elisa, cética, achou aquilo uma brincadeira de mau gosto. Jogou a carta fora.

Na noite seguinte, outra apareceu. Desta vez, na cabeceira da cama. A letra parecia mais trêmula, e a assinatura era apenas um “C”.

O Conteúdo que Muda

Conforme os dias passavam, Elisa recebia mais cartas. Sempre em lugares diferentes. A lareira, a geladeira, o porta-luvas do carro. O mais estranho? O conteúdo parecia saber o que ela havia feito no dia anterior. Frases como:

“Você chorou ontem, mesmo sem saber por quê. Mas a casa sabe.”

“A xícara que quebrou não foi acidente. A casa está testando você.”

Elisa começou a desconfiar de sua própria sanidade. Instalou câmeras. Chamou amigos. Levou um padre. Nada parava as cartas. Quando saía de casa, elas apareciam em seus bolsos. Quando trancava a porta, deslizavam por debaixo.

A Carta Final

Três meses depois, as cartas pararam. Por uma semana, Elisa acreditou estar livre. Até o dia em que encontrou A Última Carta.

Ela estava sobre a escrivaninha do sótão — um cômodo que Elisa jurava nunca ter conseguido abrir antes. Estava lacrada com cera vermelha, sem envelope.

O papel era mais antigo, manchado, e o texto dizia:


“Elisa, a casa aceitou você. Agora é sua vez de escrever.
As palavras não devem parar, pois a história precisa de continuidade.
Cada novo escolhido precisa saber.
Agora você é a guardiã. E seu silêncio manterá a casa adormecida.”


Ao final da carta, havia um aviso:
“Mas se você fugir… ela acordará com fome.”

Elisa desapareceu no mês seguinte. A polícia entrou na casa, mas não encontrou sinais de luta. Apenas uma carta aberta sobre a mesa da cozinha. Nela, uma nova caligrafia, mais firme, dizia:

“A próxima carta já está sendo escrita. Quem ousará entrar na Casa 11 agora?”

A Casa Hoje

Desde o sumiço de Elisa, ninguém mais tentou viver ali. Corretores evitam oferecer o imóvel. Adolescentes invadem por desafio, mas poucos passam da primeira noite. Os que conseguem sair, nunca mais falam sobre o que viram — ou sobre as cartas que, por vezes, ainda aparecem em mochilas e bolsos mesmo depois de saírem da cidade.

Houve quem tentou queimar a casa. Mas o fogo não pegava. A madeira parecia úmida por dentro, como se a própria casa chorasse. Outros tentaram demolir. As máquinas quebravam. Os operários desistiam.

Verdade ou Lenda?

Seria a Casa 11 um ponto de atividade paranormal? Ou tudo não passa de histeria coletiva e boatos ampliados pelo tempo? Alguns estudiosos de ocultismo acreditam que a casa é um “nó de palavras não ditas” — um local onde emoções reprimidas ficaram tão fortes que se tornaram físicas, literais, e precisaram sair em forma de cartas.

O que se sabe é que ninguém conseguiu manter silêncio dentro da casa por muito tempo. Todos lêem. E depois que lêem… algo muda.

Você Entraria?

A Última Carta da Casa 11 não foi escrita apenas para Elisa. Talvez esteja esperando por alguém novo. Alguém que ainda não acredita em lendas. Alguém curioso o suficiente para abrir a porta, subir as escadas e… escrever sua própria carta.

A pergunta que fica é:
Você teria coragem de entrar na Casa 11 e descobrir o que está escrito para você?


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